domingo, 21 de abril de 2013

Nigéria

Umas das maiores cidades da  Nigéria, Lagos  busca o progresso derrubando favelas 


Em Lagos, camada da população menos favorecida sofre perante a ambição do governo de transformar a região em um grande centro de negócios.
Retroescavadeiras do governo chegaram e passaram por cima da habitação de madeira simples de Momoh e de aproximadamente outras 500 pessoas, em fevereiro, criando instantaneamente quase dez mil sem-teto entre os moradores pobres de Lagos, ao destruir uma favela que existia há décadas, Badia East. Durante dias, os moradores vagaram pelo caótico campo repleto de entulho, situado nos arredores dos imóveis mais refinados de Lagos.
No mandato do governador enérgico de Lagos, muito aplaudido pela imprensa financeira internacional, esta megalópole apinhada de arranha-céus, lagoas sujas, congestionamentos brutais e favelas extensas e com cerca de 21 milhões de habitantes, o Estado anunciou a ambição de se tornar o principal centro de negócios da região e, talvez, da África.





Não faltam projetos de infraestrutura e habitacionais, incluindo uma rede de veículos leves sobre trilhos cujos suportes já saltam sobre bairros lotados, um enorme shopping center sofisticado ao estilo de Dubai e um conjunto habitacional construído de frente para o Oceano Atlântico, inaugurado em fevereiro por Bill Clinton, ex-presidente dos Estados Unidos. Uma nova concessionária da Porsche foi inaugurada no distrito financeiro.

Nesta visão, a velha Lagos das favelas tem futuro incerto. Dois terços dos moradores da cidade residem em bairros "informais", como os ativistas os denominam. Segundo um dos principais grupos de ativistas, mais de um milhão de pobres da cidade foram expulsos à força das casas, na maioria dos casos sem aviso, durante derrubadas de favelas nos últimos 15 anos.

A abordagem agressiva do governo nigeriano em relação aos pobres, que representam pelo menos 70% da população, foi exibida por completo durante a recente remoção de Badia East, onde existe a ameaça de ainda mais demolição – outras 40 mil pessoas moram no local. Ninguém avisou que deveriam deixar a área.
Alessandra Araujo 

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